Pedro Olavo Simões
" A deontologia é a arma dos jornalistas"
22-02-2018

Licenciado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e jornalista à 28 anos, Pedro Olavo Simões foi o primeiro convidado da sessão de palestras organizadas pelo Prof. Jorge Pedro Sousa, no âmbito de Estágio II.
Tinha como objetivo enveredar pelo ramo da química e tornar-se engenheiro, mas a vida trocou-lhe as voltas. Por motivos pessoais, não conseguiu formar-se em Engenharia, no entanto o gosto pela escrita e literatura levaram Pedro Olavo Simões a compor uma carta ao Diretor do Jornal de Notícias, quando ainda tinha 17 anos. Começou no jornal como colaborador desportivo, atualmente exerce a função de Coordenador Editorial da revista História, ao celebrar quase 28 anos de carreira.
A deontologia e a liberdade de expressão foram os principais temas debatidos nesta sessão, como exemplo o jornalista abordou dois casos. As recentes declarações do presidente do Sporting Clube de Portugal, Bruno de Carvalho, em relação à compra de jornais. A indignação tomou conta do jornalista, que afirmou que este tipo de situações servem para "silenciar a comunicação social" e tentar uniformizar uma forma de controlo sobre a imprensa.
« Quando ouvi o discurso de Bruno de Carvalho, que apelava aos sportinguistas para não comprarem jornais desportivos e só verem o canal do Sporting, eu fiquei aterrorizado. »
Outro exemplo que Pedro Olavo Simões utilizou para alertar para o facto da corrupção e controlo dos media, foi o caso reportado no filme "The Post", onde o momento da tomada de decisão por parte da personagem, Katharine Graham, de publicar todas as informações que tinha e obedecendo ao argumento "nós estamos aqui para servir os governados e não os governos", marcou o jornalista de forma positiva. Na sua opinião esta é a grande mensagem a reter num mundo cada vez mais propicio a uma rede de interesses de pessoas poderosas.
« A deontologia é uma salvaguarda da própria liberdade de informação. »
O final da sessão ficou marcada pelo apelo que o jornalista deixou aos alunos para evitar as situações faladas ao longo de toda a conversas e defender ao máximo a ética e o código que podem vir a seguir, quando adquirem o estatuto de jornalistas. Pedro Olavo Simões afirmou ainda, que o jornalista deve "a todo o custo" defender sempre as suas fontes, quando anónimas, mas que a prática e a utilidade das mesmas pode, por vezes, tornar-se excedente. Aponta também que a deontologia não é uma proteção para os jornalistas, mas sim uma salvaguarda para a relação com as fontes, que são essenciais no que toca à liberdade de informação.
Para concluir os apelos deixados pelo jornalista, foram de luta por uma profissão "exercida de forma serie, responsável e recusando qualquer ingerência seja do estado, seja de instiuições privadas."